Qui, 15 de março de 2012, 08:28

Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) já depositou 146 registros de patentes
Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) já depositou 146 registros de patentes
Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) já depositou 146 registros de patentes
Água de coco em pó foi usada para geração in vitro do embrião do macaco-prego Cebus (Sapajus) apella.

O registro da primeira patente biológica do Brasil, de âmbito internacional, um conservante extraído da água de coco para inseminação artificial, de dezembro de 1993, obtida pelo doutor em veterinária, José Ferreira Nunes, da Universidade Estadual do Ceará (Uece), já gerou sete patentes aditivas com aplicações biotecnológicas. O pesquisador, que coordena a Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), informa que também foi patenteada a água de coco em pó (ACP) com propriedades na saúde humana e animal, cosmética, isotônicos e de suplementos nutricionais.

A água de coco em pó foi usada para diluição do sêmen do macaco-prego louro Cebus (Sapajus) apella, na geração do primeiro embrião de uma espécie de mamífero silvestre no Brasil, com todas as etapas do processo com ocorrência in vitro. O artigo que relata o experimento foi publicado este ano na revista Zygote, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, pela doutora em veterinária, Sheyla Farhayldes Souza Domingues, da Universidade Federal do Pará, responsável pelo Laboratório e o grupo de pesquisa de Biologia e Medicina de Animais Silvestres da Amazônia (Biomedam) e outros pesquisadores.

A Rede Nordeste de Biotecnologia, criada em 2003, iniciou em 2006 a pós-graduação que congrega 36 instituições da região, hoje com 520 doutorandos, formou 176 doutores e seus alunos já depositaram 146 patentes, das quais 40 já homologadas, entre elas as sete aditivas do ACP. O modelo de um consórcio que soma doutores de instituições de educação superior e pesquisa começou com conceito cinco da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e inspirou a criação da Rede de Biotecnologia da Amazônia (BioNorte), em setembro de 2011 e da Rede Centro Oeste de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação o Centro Oeste, em dezembro de 2009.

José Ferreira Nunes informa que, até 2020, a Renorbio irá formar um mil doutores em biotecnologia no Nordeste. Segundo ele, a atenção com o registro de patentes das pesquisas da Renorbio evidencia a preocupação com a geração de produtos de inovação e a criação de empresas. Os alunos de doutorado elaboram planos de negócios, interagem com empreendedores e já criaram diversas empresas, assinala.

Exemplos de produtos da Renorbio, de grande impacto econômico e social, foram citados em vídeo entregue ao então ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, observa Nunes. Técia Vieira Carvalho, da Universidade Federal do Ceará (UFC), desenvolveu um método de fermentação biológica a partir do isolamento de uma bactéria do queijo, que transforma os resíduos da carapaça do camarão, subproduto desperdiçado com impactos poluentes, em quitina, um polissacarídeo de alto valor comercial.

Adriana Mendonça, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), encontrou um método alternativo de controle de praga da cana de açúcar. Edna Cândido, da Universidade Tiradentes (Unit), desenvolveu um fitofármaco a partir da planta colônia, que resultou no medicamento Ziglaa. Isabel Guedes, da Uece, que pesquisa proteína de interesse da área médica usando sistema vegetal, observa que o principal objetivo da Renorbio é chegar a um produto final com aplicação prática.

Cristiano Feltrin, da Universidade de Fortaleza (Unifor), trabalha na produção de caprinos transgênicos que irão produzir no leite lactoferrina e lisozima humana para diminuição da mortalidade infantil por diarreia e contra a desnutrição. O idealizador da Renorbio, Luiz Antonio Barreto de Castro, afirma que a Renorbio com biotecnologia é capaz de resolver problemas de grande relevância social.

A patente "Água de coco em pó (ACP) em processos biotecnológicos" tem aplicação na agropecuária, saúde e indústria, assim como a patente "Processo de obtenção de água de coco desidratada e produtos resultantes". A tecnologia ACP foi licenciada para uma empresa de Fortaleza, a Evidence, que desenvolveu bebidas isotônicas em saquinhos com 80% de água de coco em pó e 20% de açaí em pó ou 20% de acerola e ou de chá verde na mesma forma.

Duas outras patentes aditivas possuem aplicação na agropecuária. Uma delas é intitulada "Meio de preservação de tecido animal, processo de produção de meio e processo de preservação de tecido animal" e a outra denomina-se "Processo de obtenção de adjuvante para vacinas aviárias". Segundo Nunes, com o diluente de ACP o tempo de conservação da vacina é de 12 horas, e de no máximo 6 horas no diluente convencional importado. A opção pela ACP significa ganho em dobro no tempo para aplicar a vacina fora do ambiente de conservação.

Tem aplicação industrial a patente registrada como o nome "Processo oxidativo biocatalizado utilizando água de coco de Cocos nucifera como meio reacional e fonte de peroxidase". Possuem aplicação na área da saúde as patentes "Processo de obtenção de meio de manutenção e crescimento celular, meio obtido e método de cultivo de células" e "Processo de produção de meio de cultivo e isolamento de bactérias, meio de cultivo e isolamento método de cultivo e isolamento.